quarta-feira, 30 de abril de 2008

Em 1989

Em 1989 teu pai gastava duas horas por dia na padaria, o Lula ainda era contra o FMI e a Seleção não sabia o vexame que ia dar na Copa do ano seguinte.

Nesse mesmo ano mágico, o Diego celebrava seu terceiro aniversário numa garagem da Luis Sérgio Person, zona norte de São Paulo.

Por trás da lona preta, começava o canto do parabéns, em meio àquele exagero todo de pão com carne-louca, doces às pencas e refrigerante Crush (era um de laranja; e pára de mentir porque NINGUÉM lembra dele).

Enfim, aquela cena dantescamente pobre:

- Parabéns pra você!, nesta data querida!, muitas fe-li-ci-da-des, muitos anos de vida! Êeeeeeeeeeee!

Mas, como diria o filósofo Mané Garrincha, faltou combinar com os russos. Não perguntaram pro Diego se ele gostava mesmo da hora do parabéns:

- VAI TODO MUNDO EMBORA DA MINHA FESTA!

De lá pra cá, acabou a fila do pão, o Brasil levou duas Copas e o Muro de Berlim caiu - e caiu de uma tal maneira que o Lula até virou Presidente.

Já o Diego...

terça-feira, 29 de abril de 2008

Mundo perdido

Crise de falta de alimentos? Que nada. Você percebe que o mundo está mesmo perdido quando:

- Uma criança de 5 anos é arremessada pela janela
- Um padre vai conhecer Jesus com balões de aniversário
- O Ronaldo confunde traveco com mulher
- Um homem tranca a própria filha no porão de casa. Por 24 anos. E tem filhos com ela.

- A Ponte Preta está na final do Paulistão.

Enquanto isso, no céu...


Crédito: repórteres da Santa Leocádia

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Rio de Janeiro

E assim falou Chico Buarque, em Budapeste:

"Houve um tempo em que, se tivesse de optar entre duas cegueiras,
escolheria ser cego ao esplendor do mar, às montanhas, ao pôr-do-sol no Rio de Janeiro, para ter de ler o que há de belo, em letras negras sobre fundo branco."

O bobo e a casca do ovo

O caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo publicou, nesta segunda-feira, reportagem relatando os shows da Virada Cultural. A matéria, só para assinantes, pode ser conferida aqui.

Destaque para:


Um dos pontos altos foi o show do ex-vocalista do Iron Maiden, Paul Di'Anno, à 1h de ontem, conferido por roqueiros que ocuparam até as áreas gramadas da praça para ouvir hinos como "Hey Ho, Let's Go".

Parece que o repórter foi enganado pelos fãs de Ramones que estavam lá.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Olheiro

Calçada na rua Bela Cintra, madrugada de sábado para domingo. À mesa cheia de cerveja, quatro marmanjos discutem as agruras da vida. Garoa, e faz frio. O trânsito de fêmeas é intenso.

- Nossa, que gostosa.
- É, essa aí dá um caldo mesmo.
- E essa?
- Afe Maria.
- Meu deus.

A noite, é verdade, não primava pela animação.
Todos já estão com as mãos engorduradas de calabresa e provolone. Um deles, macho, pede sorvete para esquentar a farra. Convenhamos: pedir sorvete de madrugada é confissão de derrota moral.

Mais mulheres na rua. O excesso de gostosas vira cacofonia, e o torcicolo começa causar problemas àqueles quatro rapazes semi-embriagados. De um marmanjo:

- Olha lá, tá vindo uma que eu aposto que é uma puta duma gostosa. Dá pra ver a cintura daqui.

Algumas dezenas de metros depois, a previsão se confirma. Os demais felicitam a habilidade em identificar o belo à distância. Não falta modéstia ao observador:

- Caralho, viu; eu tinha que ser olheiro de filme pornô.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ontem e hoje

Todo estudante de jornalismo cria blog quando entra na faculdade. Pensa que vai ajudar a aprimorar a escrita, hã; não chega aos 20 posts e desiste. Aí, depois de 5 meses, bate um ócio produtivo e lá vai o estudante de jornalismo fazer outro blog, dessa vez pretensamente objetivo, sem falar da própria vida. Nessa altura, ele arruma emprego e desiste de escrever na quinta postagem. E assim vai, com um blog aqui, outro acolá - sempre com nomes cuja subjetividade insinua uma erudição adolescente -, até o estudante de jornalismo se formar, e começar a considerar a possibilidade de ser traficante, puta ou servidor público mesmo.

Batata-frita

Não sei como é nas outras capitais brasileiras, mas já há algum tempo São Paulo padece de um mal crônico: pobreza? Não, isso no Brasil é que nem bunda. Aqui a treta é outra, manô: as batatas-fritas.

As fritas vêm se espalhando como pragas pelos quiosques e vendinhas ambulantes das ruas, especialmente no metrô. Com catchup, maionese, mostarda, queijo ralado, são diversas as combinações. Custa de R$ 2,00 a R$ 3,50, dependendo do vendedor e da qualidade do produto. Como se alguém perguntasse: "oi, essa batata é holandesa ou malaia? tio, a batata tá fresquinha, né?".

(Quem me conhece sabe que eu tenho um apetite, digamos, pouco ortodoxo. Então se EU estou cacetando a maldita batata, é porque ela é realmente uma bela droga.)

Dias atrás (odeio CPM 22), desci na estação Bresser -Mooca. Na correria, entrei na primeira lotação que vi. De repente, o cheiro: um meliante ali, a meio metro do meu ser, entupindo o rabo com aquela coisa sebosa, ensopada de óleo. Pior: com um quilômetro de queijo ralado (pelo cheiro presumo que seja um daqueles de atacado) por cima. Enquanto isso, aquela gordura cardíaca típica de fritura escorria, lenta e vagarosamente, como se os demais passageiros fossem obrigados a presenciar aquele martírio calórico.

Imagine você o aroma agradável que ficou naquele carro. Tô com pena do lava-rápido.

Ah, esqueci de falar: o mais legal é que a lotação tava vazia. Às 18h00 quase ninguém usa transporte público, né?

Agora, olhando por outro lado, até que me saí bem: sobrevivi. Desci da lotação, coloquei o fone de ouvido e tomei meu rumo. Já o colega faminto continuou lá, entretido com sua dieta saudável e equilibrada.

Certeza que teve um infarto quando levantou pra dar o sinal.

Du'h!



Hoje saiu na imprensa que Hugo Chávez "proibiu" a série Os Simpsons de ser veiculada na TV venezuelana. Ok. Aí você clicava lá na manchete (a essa altura babando de ódio contra esse ditador mequetrefe). Dentro, via que um órgão de controle de classificação etária daquele país apenas pediu para o programa ser mudado de horário - coisa que já aconteceu inclusive no Brasil.

A alegação é de que o alguns telespectadores reclamaram que o seriado era "impróprio" para as crianças que assistiam o desenho pela manhã.

Informa a BBC:

A Conatel deu dez dias à Televen para expor seus argumentos, mas a rede de TV se antecipou e substituiu a animação, desde a última sexta-feira, pela série Baywatch Hawaii, nova versão da série Baywatch, que no Brasil ganhou o nome de S.O.S. Malibu.



Tá certo que Os Simpsons nem são tão inapropriados assim, mas daí a falar em proibição é meio exagerado, não? Sem contar que a rede de TV "se antecipou" e tirou do ar a atração antes de sequer dar uma explicação a respeito. Pra quê? Pra olocar no ar um monte de bundas loiras.

Enfim...o que importa mesmo nessa história é que em breve chega minha camiseta revolucionária-chavista. Essa aqui: