segunda-feira, 30 de abril de 2007

1992

Era formatura da pré-escola em mais uma escola pública da zona norte paulistana. Sentado num banco de plástico branco, com as mãos inquietas, o pequeno D. aguardava ansiosamente pela entrega do diploma, que vinha envolto num rídiculo canudinho preto e vermelho. Também estava programada para aquela noite de sábado a tradicional — e não menos ridícula — valsa, onde os alunos dançariam por dez minutos com suas colegas de sala.

À medida que o tempo corria, o salão — mentira, era o pátio da escola — ia ficando cada vez mais aborrotado de parentes. Em pouco tempo, não havia mais cadeiras vazias; o cheiro de carne louca já dominava o ambiente. Mãe, avó, tios, professores, coleguinhas. Todos estavam lá. Até mesmo o pai de D., presença rara à época, compareceu.

A todo momento D. voltava o olhar na esperança de avistar C., sua parceria de dança. No entanto, C. não dava sinais de vida. Passaram-se duas horas, e os passos ensaiados já podiam ser vistos pelos pais orgulhosos. Todos dançavam, D. continuava com a bunda fincada na banqueta. E nada de C.

D. não tinha idade, discernimento nem tamanho (se bem que isso D. não tem até hoje) para admitir, mas ele sabia que sua angústia não era fruto apenas dum atraso de mais de duas horas. No fundo, D. tinha nutria uma pontinha de "sentimento", daqueles bem piegas mesmo, por seu par de dança.

E lá veio C. Não chegou a tempo de dançar com D., é verdade. Comprimentou D. sem mal olhar para ele, e voltou para o lado de sua mãe. Parecia não ter esquecido de nada, e com isso deu a largada para a série infindável de foras que D. viria a receber na posteridade.

2 comentários:

Anônimo disse...

UAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
PRIMEIRO TOCO????
TP?????
PRIMEIRA BOTA???
PQP??????

Anônimo disse...

A VIDA DE KIWI!!!!

uahuhauhau